“Não
derramem por mim nem uma lágrima
Em pálpebra demente.”
Em pálpebra demente.”
Álvares de Azevedo
O Começo do Fim :
Morri, por fim morri. Meu corpo jaz enrijecido.
Em cima de uma fria cama, morbidamente esquecido.
Descoberta :
Passaram-se seis dias até descobrirem o prêmio arqueológico:
Um corpo sem vida, que somente acharam pelo cheiro, lógico.
Providências :
Os bombeiros chegaram e me carregaram pra longe do povo.
Se aglomeravam, em vão buscavam algo de novo.
Curiosidade :
Um bando de gente com mente latente
ficava na frente: "Que nojo!", disseram.
Eu me perguntando, vendo o bando
Num canto pensando: "Por quê que vieram?"
Estado :
Trataram os impostos sobre o lugar que eu iria ocupar:
Nem mesmo os mortos deixam de ser questão pra lucrar!
Velório :
Eu estava vivo: me humilhavam... mal me enxergavam,.
Quase passavam por cima de mim!
Meu corpo estendido: se importavam... e lamentavam,
Como choravam por cima de mim!
Funeral :
Já no caixão, me levaram ao chão pra me enterrar.
E pra minha dor, um último horror:
Um Padre à rezar!

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